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O CONHAQUE

  • eraquaseamor
  • 12 de jun. de 2020
  • 3 min de leitura

Atualizado: 17 de mar. de 2021

Geane era uma mulher feliz no seu trabalho. Amava acordar cedo e dormir tarde para desempenhar o seu papel. Era respeitada por todos e possuía uma alegria contagiante. Estava na empresa há 6 anos, à convite do patrão, Wellington, que a conheceu em outra empresa onde trabalhava.


A relação de Geane e Wellington sempre foi de muita admiração e respeito.


Era final do ano e Geane estava se libertando de um relacionamento abusivo onde sofria agressões físicas e emocionais a todo instante. Para fugir do abusador, Geane decidiu trocar seu telefone e só enviou o número para as pessoas mais próximas e necessárias.


Sábado... e Geane não se sentia bem. O coração estava apertado. A solidão e a sensação de ser um lixo como mulher a dominavam como se as afirmações de seu algoz fossem verdades absolutas. No armário, Geane encontrou uma garrafa de conhaque esquecida a tempos. Resolveu despejar a bebida nas feridas da alma. Bebeu sozinha. Uma... duas... três.... doze taças de conhaque com gelo, leite e chocolate. Aquilo parecia deixar distante toda a mágoa e tristeza.


Já era fim de noite quando, muito alcoolizada, Geane recebeu uma mensagem do patrão: " Obrigado por enviar seu novo número de telefone. Vou alterar na minha agenda."


Mais que depressa, Geane pegou o celular e, sem pensar, enviou uma resposta: "Quero te ver"


Meus Deus! Isso era tudo o que ela não podia dizer para uma pessoa da qual ela tinha muito respeito e admiração. Misturar solidão com álcool é sempre uma receita perigosa.


Wellington não fugiu da conversa. E foram horas e horas de fotos beijando a taça, dançando, fazendo caras e bocas. E Wellington, ali no whatsapp, se encantando com aquela mulher vulnerável e ao mesmo tempo forte e sedutora. Geane usou seu charme por mensagens e fotos até cair na cama, desacordada de tanto beber.


No dia seguinte, ainda sem entender o que havia acontecido, Geane acorda com uma notificação no celular: "Sua periguete, mal amada. Está se exibindo para o meu marido. O que quer com isso? Aumento de salário? Gratificação por tantos serviços prestados ao patrão? Isso não vai sair barato pra você. Pode passar amanhã mesmo no departamento pessoal e fazer o seu acerto. Está demitida e não temos mais o que conversar!"


Foi o ínicio de um dia terrível para Geane. A vergonha, a ressaca moral, a tristeza por perder o emprego diante de uma situação inconsequente, fizeram com que vomitasse o dia todo.... Era como se quisesse colocar pra fora tudo o que a angustiava a tempos. A todo momento ela pensava: "Como posso sempre fazer tudo ficar pior do que já estava?? Perdi um relacionamento que me machucava. Perdi um emprego que amava. Perdi o respeito."


E assim, Geane seguiu os dias, alimentando uma raiva visceral. Ela sabia que tinha errado, mas seu coração se sentia humilhado e injustiçado. Tinha sido uma noite atípica. Uma bebedeira inconsequente de uma mulher amargurada e machucada.


E chegou dezembro. Festa de final de ano, onde Geane seria uma das agraciadas com o prêmio de funcionária do ano. Mas, ela não pôde participar da festa. Tinha sido demitida e não fazia mais parte da equipe. Para esquecer de tudo o que aconteceu, Geane não saiu da cama o dia todo. Dormiu, para ver se aquele dia passava em branco. Mas, acordou no meio da noite. Não havia mais sono para a consolar. Sentou na cama, respirou fundo e pensou: "Fui acusada e condenada por um pecado que não cometi. Então, agora vou fazer jus à condenação".


Levantou, tomou um banho perfumado. Vestiu sua lingerie mais bonita e provocante. Colocou um vestido preto que, sem mostrar muito, valorizava tantas curvas e nuances. Um salto provocador.... Parou o carro na porta da festa da empresa. Ligou para Wellington e pediu para que ele chegasse até a porta.


Assim ele fez.


Ela olhou profundamente no fundo dos olhos de Wellington e disse: "Quer vir comigo?"


Sem dizer nada, Wellington entrou no carro e os dois partiram.


Foi uma noite como eles nunca haviam sequer sonhado. Uma energia, um entrosamento, um querer que parecia estar guardado a sete chaves.


Já recuperado e com fôlego, Wellington diz:

"Volte para a empresa. Você terá o seu emprego de volta."


Com muita segurança e um olhar firme, Geane responde:

" Sua mulher me afastou de você, mas não foi capaz de te dar amor o suficiente para você não querer estar aqui. Quem não quer o emprego agora sou eu."


Saiu sem mais nada dizer.


Um mês depois.... Geane em seu novo emprego, em outra cidade, chega uma mensagem em seu celular:


" Atravessei 700 km para te encontrar. Te espero, às 19h, no hotel da cidade. Wellington".


Geane não foi.


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