CONGELANTE
- eraquaseamor
- 29 de jan. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 17 de mar. de 2021
Cristina era uma jovem alegre, comunicativa e engraçada. Gostava de estar entre os amigos. Era 1993 e ela tinha 17 anos. Aos finais de semana, seu ponto de encontro era a pista de patinação no gelo da cidade. Lá os jovens se encontravam, divertiam e paqueravam.
Junior era um dos instrutores da patinação e era ele o motivo pelo qual Cristina fazia questão de estar lá.
Ele era lindo, charmoso. O dominio dos patins e a leveza com que deslizava pela pista deixavam Cristina hipnotizada. A moça nem prestava atenção no que as amigas diziam durante as interminaveis conversas adolescentes na beirada da pista de patinação. Suas tardes eram dedicadas a admirar o talento de Júnior.
Foram meses de amor platônico, até que ele a notou de uma forma diferente. Uma troca de olhares e Cristina sentiu o corpo inteiro paralisar.
“Ahhhhhhh! Como ele era lindo…”
Seu sorriso, seu cabelo, sua voz. Tudo a encantava.
E agora ele também parecia retribuir a admiração.
Cristina se sentiu segura para investir um pouco mais e resolveu patinar naquele dia.
Colocou o patins e os itens de segurança e foi.
Na pista, tudo parecia diferente. E, confiante, Cristina tentou manobras mais radicais no patins.
Não deu outra. Um tombo no meio da pista e lá estava ela estatelada no chão.
“Que vergonha!”
De repente, percebe que alguém estendeu a mão para ajudá-la. É claro que era o Júnior. Parecia um príncipe. Cristina segurou sua mão macia e ele a conduziu até a barra de proteção. Ela não queria mais soltá-lo.
Ele deu um sorriso e disse que nunca tinha visto uma menina tão linda cair com tanto charme.
E, ela derreteu no gelo.
Durante a semana, Cristina não parava de pensar naquele sorriso. E já não via a hora de encontrar Júnior novamente. Jã estava decidida a puxar assunto com ele.
No sábado, ela se aprontou rapidinho. Durante a semana já havia separado a roupa que ia vestir e até a cor do batom já estava decidido e estrategicamente pensado.
Chegando na pista de patinação, achou estranho… Júnior não estava lá. E, na semana seguinte também não. A única explicação que deram a ela é que ele não trabalhava mais lá.
Que tristeza estranha ela sentia no coração.
Não quis mais passear na pista aos finais de semana. Nem com muita insistência das amigas.
Alguns meses se passaram, até que Cristina conseguiu um emprego numa clínica psiquiátrica. Era recepcionista.
No primeiro dia, sua coordenadora a levou para dar uma volta e conhecer a clínica. O lugar era bonito, mas trazia a tristeza de pessoas com os mais diversos distúrbios.
No canto do pátio, um rapaz chamou sua atenção. Estava completamente alienado ao mundo externo. Sozinho e com olhar distante.
Cristina se aproximou.
Era Júnior. Dopado, confuso e internado num hospital psiquiátrico.
Cristina permaneceu ali, ao lado dele, até ele receber alta e voltar pra casa. Mas ele nunca a reconheceu.
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