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MEDO

  • eraquaseamor
  • 10 de jun. de 2020
  • 3 min de leitura

Atualizado: 17 de mar. de 2021

Fabiano saía cedo para trabalhar. Elegante, bem vestido, da forma como exigia o alto cargo que ocupava numa multinacional. Entrava no carro e ligava o rádio. Já sabia, pelo horário, que ficaria longas horas no engarrafamento. E sabia também que, na subida da Avenida Nossa Senhora do Carmo, encontraria Jussara vendendo água mineral no sinal. Aquela moça de sorriso fácil, gentil, nem de longe demonstrava a vida difícil que levava...


Cercada de influencias ruins, vivia na favela e no mundo das drogas e da violência. Fazia um bico aqui e ali para ganhar algum dinheiro para se divertir. Não estudava e morava com uma avó.


E todo dia era a mesma coisa... Fabiano passava e comprava uma água para, minimamente, ajudar Jussara. Foi assim durante um ano, até surgir uma vaga no departamento de limpeza da multinacional onde Fabiano comandava as ações da empresa no Brasil e na Argentina. Imediatamente, o executivo tratou de convidar Jussara para ir trabalhar como serviços gerais. O salário era bom. Ela aceitou.


Foram oito anos de dedicação à empresa e sempre com atenção ao chefe que ela tanto admirava e cuidava com carinho. E este carinho era recíproco. Fabiano incentivou Jussara a voltar a estudar, a se vestir melhor, a falar corretamente. Sempre que ela levava um café para o chefe, eles sempre tinham algo para conversar sobre a vida pessoal, negócios e até para que ela desse conselhos amorosos para Fabiano.


E essa relação tão próxima seguia cada vez mais próxima. Fabiano conseguiu uma bolsa para Jussara fazer um curso de secretariado, assim que concluiu o Ensino Médio. Ensinou a moça a economizar e cuidar das finanças da casa e da avó. Jussara trocou as farras e os amigos do tráfico pelos trabalhos extras. Começou a produzir salgados e doces para as festas dos filhos de Fabiano. Era ela também que ia, uma vez por semana, arrumar o closet da esposa do chefe. Quantos sapatos e roupas, meu Deus!


Até que um dia, Fabiano chegou muito abalado ao trabalho. Isso não era normal. Um homem tão acostumado a trabalhar sob pressão, dificilmente estaria fragilizado diante de algum problema. Como profissional, ele era impecável, mas estava se curvando diante do seu papel de homem. Sua esposa havia ido embora.


Vendo Fabiano tão triste, Jussara, num impulso, beijou vagarosamente o chefe. Eram bocas que jamais atreveriam se encontrar, mas era uma mistura de gratidão, proteção, amor, admiração. Ela não entendia ao certo porque havia tomado aquela atitude, mas estava tão bom.... E Fabiano parecia precisar daquele aconchego.


Foi a melhor e a pior atitude para os dois.


Fabiano ficou impressionado com a doçura daquele beijo... e quis novamente... e mais uma vez... até chegar o dia em que fossem experimentar um encontro mais íntimo. Estavam nervosos, com medo do que viria pela frente, mas queriam muito estar ali.


E, assim como o beijo, o encontro foi mágico, profundo. Ele desejou viver com ela pra sempre. E ela percebeu isso.


Mas os dias seguintes foram de tormenta. Fabiano estava confuso. Sabia que não daria certo. Era uma relação que envolvia tanta gente, tantos corações. E Fabiano foi se distanciando.


Do outro lado, Jussara foi se apaixonando cada vez mais. Queria viver para cuidar daquele homem. Para protege-lo e fazê-lo feliz. E não conseguia mais esconder o brilho no olhar cada vez que se cruzavam pelos corredores da empresa.


Mas, Fabiano foi se afastando. Ficando arredio. Irritado. Jussara, buscando ... (a história continua)


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1 comentário


marceloofgod
16 de jun. de 2020

Boa história bem amarrada.real e passível

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